"Não se pode maternar sem sustentação. Não se pode maternar sem fusão emocional. Não se pode maternar sem buscar o próprio destino."
Laura Gutman, terapeuta argentina

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Doulas: muitas mãos e corações

As doulas são mulheres à serviço de outras mulheres na sagrada tarefa de dar à luz. É aquela que acompanha a mulher na grande jornada do parto, passo a passo, descendo nas profundezas de sua feminilidade selvagem, experimentando o ápice da dor e do êxtase. Suas ferramentas: duas mãos e um coração.


Encontrei muitas mulheres nesta vivência - Curso de Capacitação para Doulas, em Porto Alegre, outubro de 2010- dentro e fora de mim. Mulheres dotadas de uma coragem arrebatadora, mães cheias de carinho, almas abertas, punhos cerrados, dispostas a subir o rio corrente acima e também a deixar-se fluir. Organizando conhecimento através do contato mais sutil e assim gerar um mundo de paz. Um mundo para onde as mulheres empoderadas podem, em paz, trazer seus filhos.


Brunas, Micheles, Zezas, Ronices, Cibeles, Milenas, Racheis, Patis, Anitas, Zezés, Maris, Lucías, enfim...
todas as mulheres do mundo e Ric (a adorável parte yang do curso)
 Assistimos a muitos nascimentos que por seu encanto, beleza ou brutalidade nos levaram as lágrimas. Ouvimos também, com empatia, a história de muitas mulheres desde Eva e Lucy (muitas das quais ainda quero contar aqui!). Da mulher que foi ao salão de beleza em trabalho de parto, de outra que não permitia que o marido (treinado em massagens e piadas especialmente para esta hora) sequer a tocasse, mas bebia de longe suas simples palavras de amor.
Daquela tão forte que disse NÃO muitas vezes - com voz trêmula e firmeza anabalável- a médicos, enfermeiras e a todo paradigma tecnocrata que a mandava deitar no trabalho de parto para que não "matasse seu filho". Da enfermeira que proferiu esta ameaça e teve a graça de ver aquele bebê nascer como um milagre da natureza, pediu desculpas em lágrimas para esta mãe e por fim tornou-se filha do abraço de doula e das outras mulheres que estavam ali.
Da parteira como a mais antiga das profissionais, da fraternidade como condição para nossa sobrevivência enquanto espécie , do instinto que faz o bebê procurar os olhos da mãe nos primeiros instantes de sua vida fora do útero. Das loucas como nós. Histórias que recolhi como pedras preciosas impregnadas de energia e que levarei comigo para me guiem e carreguem de mais vida minha vida de mulher.

Um comentário:

  1. Querida Bruna!
    Sensivelmente bela tua descrição da nossa formação em doulas! Engrandeceu-nos como mulheres! Certamente fortaleceu a vontade de manter-se "louca" e permitir que a vida se manifeste com toda sua força e simplicidade... Ser uma parte da Mãe Terra e deixar-se nascer com a intensidade das contrações, no respirar da vida e no desabroxar do Ser... Parir é, não somente participar do espetáculo da vida, mas ser a Protagonista da sua própria história! Conte comigo, querida!!! Que possamos seguir lançando sementes de feminilidade... Imenso abraço... Cibele

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