"Não se pode maternar sem sustentação. Não se pode maternar sem fusão emocional. Não se pode maternar sem buscar o próprio destino."
Laura Gutman, terapeuta argentina

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

gravidez, um milagre acontecendo

Nesta última lua cheia encontrei uma amiga grávida - mais uma Natália, que não via há vários meses. Ela estava tão redonda e luminosa como a própria deusa-lua,  abençoá-los com minhas mãos e afeto foi uma dádiva. Naqueles dias meu Miguel completou mais um ciclo de 9 meses, um ano e meio na Terra!
Esses acontecimentos me levaram a reviver a emoção de tê-lo carregado dentro de mim, do presente que é estar grávida! por isso, resolvi compartilhar algumas palavras que escrevi enquanto vivia este momento tão belo...enviei para irmãs e amigas do meu círculo feminino que estavam distantes naquela época e assim as trouxe mais perto... dedico a todas as grávidas com todo amor!

Queridas irmãs tão distantes e tão perto que nossos corações se tocam neste momento como em tantos outros!
 
Por fim, a grande amiga chuva e o silêncio permitiram um instante de serenidade para lhes escrever. Completamos 7 meses juntos, eu e Miguel, nossa comunicação está bem forte nestes últimos dias, o que me enche de confiança em sua força (inclusive física!) de guerreiro e sua saúde e vida manifesta e contagiante. Chego a chorar de emoção – soma-se a isso a sensibilidade do inferno astral, vale lembrar, fechando um ciclo turbulento para iniciar um período mais equilibrado de recolhimento – só de pensar que passou tão rápido! Sinto tanto que vocês não puderam sentir com as mãos na barriga os movimentos do pequeno ou ver como ele cresce a cada dia, tal minha vontade de segurar este momento e compartilha-lo. Agora, duas luas me separam de tê-lo nos braços e peitos e esta perspectiva me enche de medos. Um filho pra sempre, iniciando-me da privilegiada categoria de dor e êxtase das mães. Um filho que precisará de toda a energia disponível sutil e física pra desabrochar e desenvolver-se com pessoa, alguém para quem construir um mundo. Que vai nos conduzir em sua fragilidade e potencial em uma nova caminhada cheia de desafios que é sermos seus pais! Não tenho dúvida que estou longe de estar preparada para isso e de que vou levar um baile de tantas pequenas e grandes tarefas que isso envolve, mas o que posso fazer é me entregar com todo meu amor.
A presença do pai – Leandro – e sua segurança de menino foram e serão essenciais em cada um dos momentos cruciais deste processo, e justo agora que começo a sentir-me cansada  e percebo que meu corpo já não responde ele também atravessa uma fase de estafa física e emocional. Amei-o mais por todas as vezes em que conversou e acariciou Miguel com uma ternura incrível, por demonstrar tanta fortaleza no árduo trabalho dos preparativos da casa, pelas preocupações ingênuas que dividimos, pelo cuidado e compreensão além da conta.  
Sinto-me a parte disso, inundada por uma sensação incrível de desdobramento, de viver por fazer viver, de compreensão física e corpórea de um milagre que talvez nunca atinja compreender mentalmente: aquele que faz da nossa existência – humana e imperfeita, porém preciosa - não eterna, mas sempre terna, sempre contínua.
Agradeço ainda ao Cosmos por ter enviado mulheres maravilhosas que estiveram comigo nos últimos meses, quase todo o tempo, participando dos meus momentos mais femininos, me preenchendo de energia yin e fazendo todo processo da Arca se tornar leve, intuitivo e divertido.
Amo-as muito e lhes desejo toda felicidade no caminho eu escolheram e trilham, que sem dúvida também é repleto de ensinamentos nem sempre fáceis e amáveis. Saibam que meu coração é mais que nunca de mãe e nele cada uma de você tem um lugar onde brilham e me trazem felicidade só de lembrá-las. Deusas que estarão comigo no grande momento (que as mulheres do meu grupo chamam de hora P) junto a Tara, Iansã, Virgem de Guadalupe e tantas mais. Uma experiência que aguardo sem ansiedade e que quero viver intensamente, com toda catarse de tormenta a que tenho direito. Se não fôssemos seres fortes, a Deusa não teria nos feito mulheres, capazes de gerar e parir.
Sigam conectadas, protegidas pela luz azul deste pequeno anjo a quem tenho a grande honra de carregar. Estejam certas de que ele vai criar-se em nossa Arca como a mais bela das flores e o mais doce dos frutos. Enviem-nos  também (a nossa pequena família) as boas magias de saúde, luz e paz de espírito e sentirei-as aqui no mesmo momento. Que nosso encontro presencial seja o mais breve possível
 
Bruna, vossa tormenta
(acompanhada do menino-trovão azul índigo Miguel)
 
ps. deliciem-se com as fotos mais atuais produzidas pelo papai Leandro, com produção e tudo pra gente sempre lembrar deste momento especial

terça-feira, 19 de outubro de 2010

às profundezas

"uma mulher
quando se penetra
se fecunda
e cresce dentro do próprio útero
e aguarda seu nascimento de si mesma"

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Doulas: muitas mãos e corações

As doulas são mulheres à serviço de outras mulheres na sagrada tarefa de dar à luz. É aquela que acompanha a mulher na grande jornada do parto, passo a passo, descendo nas profundezas de sua feminilidade selvagem, experimentando o ápice da dor e do êxtase. Suas ferramentas: duas mãos e um coração.


Encontrei muitas mulheres nesta vivência - Curso de Capacitação para Doulas, em Porto Alegre, outubro de 2010- dentro e fora de mim. Mulheres dotadas de uma coragem arrebatadora, mães cheias de carinho, almas abertas, punhos cerrados, dispostas a subir o rio corrente acima e também a deixar-se fluir. Organizando conhecimento através do contato mais sutil e assim gerar um mundo de paz. Um mundo para onde as mulheres empoderadas podem, em paz, trazer seus filhos.


Brunas, Micheles, Zezas, Ronices, Cibeles, Milenas, Racheis, Patis, Anitas, Zezés, Maris, Lucías, enfim...
todas as mulheres do mundo e Ric (a adorável parte yang do curso)
 Assistimos a muitos nascimentos que por seu encanto, beleza ou brutalidade nos levaram as lágrimas. Ouvimos também, com empatia, a história de muitas mulheres desde Eva e Lucy (muitas das quais ainda quero contar aqui!). Da mulher que foi ao salão de beleza em trabalho de parto, de outra que não permitia que o marido (treinado em massagens e piadas especialmente para esta hora) sequer a tocasse, mas bebia de longe suas simples palavras de amor.
Daquela tão forte que disse NÃO muitas vezes - com voz trêmula e firmeza anabalável- a médicos, enfermeiras e a todo paradigma tecnocrata que a mandava deitar no trabalho de parto para que não "matasse seu filho". Da enfermeira que proferiu esta ameaça e teve a graça de ver aquele bebê nascer como um milagre da natureza, pediu desculpas em lágrimas para esta mãe e por fim tornou-se filha do abraço de doula e das outras mulheres que estavam ali.
Da parteira como a mais antiga das profissionais, da fraternidade como condição para nossa sobrevivência enquanto espécie , do instinto que faz o bebê procurar os olhos da mãe nos primeiros instantes de sua vida fora do útero. Das loucas como nós. Histórias que recolhi como pedras preciosas impregnadas de energia e que levarei comigo para me guiem e carreguem de mais vida minha vida de mulher.